segunda-feira, 12 de março de 2012

La concha de tu madre


Esta época, um pouco a exemplo de épocas passadas, tenho evitado ver jogos dos nossos rivais históricos. Tal deve-se em parte ao facto de estarmos arredados dos objectivos tão ansiados assim como, também, o quase histórico jogo subterrâneo que estes praticam e que tanto me enoja.
Ontem, antes do nosso fantástico jogo com o Guimarães, decidi em má hora quebrar por momentos o que tem sido regra, e assisti a largos minutos do jogo de Paços de Ferreira.
Ainda mantinha alguma curiosidade para constatar se o árbitro designado optaria por algum tipo de boicote, após o ataque que a classe, na pessoa de Pedro Proença, tinha sido alvo, na passada semana. No entanto, Bruno Esteves compareceu, submisso e bem comportado.
Quem pôde presenciar, como eu fiz, a largos minutos da contenda, deu o tempo por bem empregue. Pudemos assistir ao melhor que Filipe La Féria e  outros encenadores põem em cena, amiúde. 
Se os mergulhadores Aimar e Saviola estiveram arredados do palco principal, foram secundados por artistas da índole de Maxi, Bruno César ou Nelson Oliveira, que fazem da arte teatral o seu principal aliado. Foi vê-los esvoaçar pelo relvado da Mata Real, simulando, caindo, gritando, numa peça que durou 90 minutos e onde acabaram por provocar danos colaterais no adversário. Claro está que para poder pôr em prática tais atributos é necessário alguém com sensibilidade suficiente para dar nota artística elevada, o que foi o caso do árbitro setubalense.
Mesmo que tenha havido um penalti claro por marcar contra o Paços, tudo o que pude assistir dá que pensar, e podemos compreender porque o teatro tem cada vez menos espectadores. Pudera, vão todos ao futebol.
No fundo eu tenho é inveja que os nossos atletas, se exceptuar uma ou outra queda de Capel, não saibam ludibriar os árbitros. 
O futebol é pródigo nestes subterfúgios, e amiúde somos confrontados com equipas que não jogam só com as regras instituídas.
As equipas matreiras são constantemente premiadas pelo seu desempenho e já estou cansado de ver atribuído ao Sporting, até pelos seus adeptos, o epíteto de equipa jovem, inexperiente ou que pratica futebol limpo.
Não sei se as equipas que praticam deliberadamente este tipo de estratagemas têm no ADN o seu impulsionador ou, pelo contrário, se são fruto da estratégia das velhas raposas que comandam os seus destinos.
O caso do Benfica de Jesus é paradigmático, e a célebre ordem para o guardião Artur se atirar ao chão e simular uma lesão é disso exemplo.O Barcelona também é, reconhecidamente, outro clube que, apesar da imensa qualidade transversal à equipa, recorre a todos os meios para alcançar os seus fins. Nós já tivemos oportunidade de "saborear" o seu raro oportunismo, na estreia de Guardiola à frente da equipa, na longínqua época de 2008/09. Nessa triste derrota por 2-5, vimos ser-nos marcado um golo através de reposição rápida da bola em jogo, numa fórmula que foi sendo aprimorada pelos catalães. O Barça usa e abusa deste, como doutros estratagemas para desequilibrar. É possível até encontrar no youtube um vídeo relativo ao seu treino de simulações, quedas e lesões.
Por simples curiosidade, coloco um vídeo relativo ao treinador barcelonista, onde é possível constatar que Guardiola não se limita a passear a braçadeira de treinador. Num recente jogo, as suas intervenções são constantes e destaca-se a ordem para Keita celebrar o golo na bandeirola de canto e o ralhete dado a Alexis, pela lesão contraída. Se Pep tivesse a fortuna de treinar Alberto Rodriguez, "la concha de su madre" seria mais conhecida que o Papa.
Na próxima 5ª feira iremos defrontar uma equipa recheada de vedetas, mas que também podem fazer dos seus dotes artísticos um importante aliado. Esperemos que os nossos jogadores, bem como a equipa técnica, saibam estar à altura e precavidos contra todo o tipo de estratégias.



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