quinta-feira, 5 de abril de 2012

O fantasma


Esta foi quase à italiana. A diferença é que, apesar do cinismo demonstrado, os italianos não jogam tão mal como o Sporting o fez.
"Quero lá saber...!!!" , dirão vocês. 
"Quero lá saber...!!!" , digo eu.
Deve ser ponto assente, entre os adeptos de um determinado clube (que não nos amantes ou puristas do futebol) que mais vale ganhar, mesmo  jogando mal, que perder dando espectáculo.
Claro está que o ideal seria complementar essas duas vertentes, mas hoje estivemos longe de, sequer, poder vislumbrar um pouco de futebol.
Pior, muito pior estive eu, pois enquanto a maioria dos adeptos leoninos viu e sofreu com 95 minutos de mau jogo leonino, eu só tive unhas para 63.
Roí as unhas das mãos na primeira parte, e só o golo de Wolfswinkel permitiu-me largar o polegar com que me entretinha momentaneamente, para festejar, à la Gobern, mas a minha barriga permite-me uma maior amplitude de braços!!
A segunda parte começou com indícios preocupantes, mesmo que a vantagem de dois golos na eliminatória pudesse ter soltado a equipa, em termos psicológicos.
Por esta altura já tinha começado a roer as unhas dos pés.
O Metalist não precisou de acelerar muito para pôr em cheque a débil estrutura sportinguista. Como aperitivo do que se estava a cozinhar, num passe para as costas da defesa, Cristaldo consegue ser o único a reagir, deixando Xandão, J.Pereira e Polga a jogar às cartas. Valeu um último esforço de Polga para manter a baliza inviolada, ainda nos instantes iniciais da etapa complementar.
Por entre imensas más decisões dos nossos jogadores, desde a defesa ao ataque, surge o empate, onde mais uma vez aparece perigo do nada.
Num centro da esquerda para a entrada da área, Polga dá um passo atrás em lugar de dar um em frente (colocando deste modo o avançado em jogo) e deste modo Devic pôde assistir Cristaldo.
Aos 57 minutos os ucranianos ficam a um golo do prolongamento, e milhões de sportinguistas a um golo de uma síncope.
Aos 63 minutos nova jogada de ataque onde Taison, de mota, passa pelo fresco Renato Neto, que contudo ia de bicicleta. Mais uma infantilidade e penalti contra o Sporting. Pelos vistos, não é necessário jogar-se contra um poderoso emblema inglês para assinalarem uma carga na área (bem menos evidente), e que só se justifica pela emoção do árbitro escocês ao sentir a vibração do público.
O jogo terminou neste momento, para mim.
No jogo de Alvalade fiz mezinhas, desliguei o som da televisão, fiz um curso de rezas na Universidade Independente mas, Cleiton Xavier não foi na conversa.
Desta vez, optei por desligar a televisão e resignar-me à condição de sportinguista.
Desta vez, Cleiton Xavier ouviu as minhas pragas para com esta sina que nos persegue, e fez brilhar Patrício, o único que sobressaiu nesta noite, para a história.
Dado que na internet o resultado se mantinha em empate, fiquei largos minutos sem saber o destino dessa penalidade, mas só voltei para a frente da tv quando o resultado já não era possível alterar.
O sofrimento foi quase tão grande como se estivesse a ver o jogo, mas acho que em vez de perder 3 anos de vida só terei perdido 2 e meio.
Agora, dizem, temos o Bilbao para as meias-finais, num cenário em tudo idêntico ao da Liga Europa do ano transacto, mas com o papel químico trocado. A armada espanhola contra o sobrevivente português nas competições europeias, mas eu ainda coloco algumas reservas  a este cenário.
É que o facto do Sporting hoje ter estado ausente do jogo pode dever-se ao facto de ser um fantasma, o que percorreu esta eliminatória. Recordo que deveria ser o Manchester City a ter passado a eliminatória anterior, segundo alguns entendidos na matéria, tendo prognosticado, inclusivamente, que iria envergonhar o futebol português, pelo que ponho reticências se será efectivamente o Sporting que irá marcar presença na antecâmara da final europeia.
A ver vamos, quem defrontará o Athletic Bilbao, no dia 19 de Abril.

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