segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Poço sem fim

Os leitores mais fiéis deste blogue certamente terão notado um decréscimo acentuado da actividade, mas tal não se deve à natural decepção com o estado de sítio que tem marcado as últimas semanas do clube.
Parte da culpa prende-se com a actividade profissional e a outra parte esteve relacionada com o tempo despendido na organização das celebrações do 10º aniversário do Núcleo da Carapinheira.
O Núcleo organizou neste fim-de-semana um evento que contou com a presença de algumas figuras ímpares da vida leonina, como os antigos atletas Carlos Sousa e Edgar Vital (basquetebol), bem como os galardoados com o "Espiga 2012" Cristiano Parreiro (Futsal), Ricardo Andorinho (ex-andebolista), Eng. Gilberto Borges (Hóquei em Patins) e o "super-adepto" Vítor Araújo, mas também nos brindaram com a sua presença o amigo Juvenal Carvalho (Paço de Arcos) e outros Núcleos amigos (Estarreja, Ílhavo, São Bernardo, Mafra, Brasfemes, Vila Nova de Anços, Figueira da Foz e Pereira)  e, em representação do Sporting, o engº. Godinho Lopes e engº. Rogério de Brito. 
No entanto, hoje ainda não vou falar do evento que juntou largas dezenas de sportinguistas num almoço-convívio que, por certo, ficará na memória de todos os presentes e onde se elevou e vincou o ecletismo do Sporting Clube de Portugal.
A crónica relativa ao evento surgirá noutra altura por que, por agora, o assunto do dia, do mês, do ano, é a grave crise por que passa o clube.
Não bastava a nossa sina em termos nascido portugueses e termos que sofrer diariamente com as agruras inerentes a esse estatuto, existe ainda uma percentagem elevada de sofridos lusitanos que tem uma carga adicional de sofrimento. Ser e viver Sporting deveria ser felicidade, deveria servir para afastar as nuvens negras que a classe política simboliza, deveria ser factor de união e irmandade.
Ser sportinguista na Alemanha não deve ser tão doloroso, pois não ouvem falar da crise da dívida soberana, dos cortes na saúde e educação ou no desemprego galopante, só para mencionar alguns.
Ser sportinguista em Portugal é ouvir e sentir tudo isso e, ainda, assistir ao degradante espectáculo que algumas figuras teimam em oferecer, sintomático sobre a qualidade dos intervenientes.
Como se perder no terreno de jogo já não fosse suficientemente doloroso!!
Dizem...e gostava de acreditar, que o Sporting (e os sportinguistas) são diferentes.
Estes dias, alguns têm demonstrado que o covil do leão também alberga gente que não só nos envergonha como nos fazem duvidar desse epíteto que alguém nos colocou.
Tenho perdido excelentes oportunidades para comentar frases de Dias Ferreira ou Eduardo Barroso, só para citar alguns, bem como as contra-respostas pelo presidente do clube, mas não irá faltar lenha para o que se está a cozinhar em lume brando.
Por falar em Godinho Lopes, foi precisamente no almoço de aniversário do Núcleo da Carapinehira que Godinho Lopes proferiu as (inflamadas) palavras que ecoaram pela comunicação social, internet e na cabeça do conhecido cirurgião.
Em relação a esse momento, ao qual o nosso Núcleo figurará como pano de fundo, devo referir que é curioso verificar como uma mentira se propaga a um ritmo alucinante. No caso concreto, o motivo é irrelevante, mas ficou para mim muito claro como as notícias são simplesmente copiadas pelos mais diversos órgãos de comunicação.
A famosa frase dos "abraços nas vitórias e facadas quando se perdem jogos" foi efectivamente proferida no discurso do presidente mas, ao contrário do que TODOS os órgãos de CS e sites referem, que pude consultar online (e foram dezenas) não aconteceu na inauguração da sede do Núcleo da Vila da Carapinheira.
Aconteceu na Quinta do Taipal, local onde se celebrou o evento.
É um mero pormenor? É, mas não deixa de ser sintomático sobre a forma como se produz a informação em Portugal.
Entretanto, enquanto escrevo esta crónica, a notícia do dia deixa de ser a derrota, a falta de treinador, o sub-rendimento da equipa com um orçamento ímpar ou os ataques entre presidentes de CD e AG, e passa a centrar-se nos abandonos de Luís Duque e Carlos Freitas.
Sinceramente, já deixei de saber o que passa por ser uma boa ou uma má notícia.
A minha noção de desestabilização do plantel e do clube tem sofrido muitos ajustes e fico sem saber se esta é uma óptima ou uma péssima notícia.
Só sei que, na minha perspectiva, na eleição que ocorreu há sensivelmente ano e meio, Duque foi o  trunfo na manga que fez pender os indecisos.
Mesmo que, passado este curto tempo, a maior parte dos que optaram por esta lista não tivesse mudado de opinião, esta decisão vem fragmentar, de modo quase irremediável, a confiança de quem ainda acreditava na presente Direcção.
Resta saber se se trata de uma questão desportiva...ou política.
É que isto faz-me lembrar aqueles métodos para legitimar uma nova candidatura.
Como ser sportinguista em Portugal é deveras complicado, amanhã pode o Vítor Gaspar lembrar-se de anunciar um novo pacote de medidas de austeridade bem como o Sporting voltar a ser falado, pelos piores motivos.
O pior é que, em ambos os casos, este poço parece não ter fim.

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