quinta-feira, 22 de novembro de 2012

O sapo


Já fiz referência a esta analogia num comentário recente, e decerto será conhecido por muitos dos leitores do blogue mas, no momento actual, parece-me adequado e nada desproporcionado recordar o estudo do "Sapo e da água a ferver."
Parece-me adequado porque o momento do Sporting é extremamente preocupante e porque o sapo é um dos animais que podem, a breve trecho, substituir o animal que domina o nosso símbolo. 
Sim, temos engolido tantos sapos que, qualquer dia, nos confundimos com o próprio batráquio.
Além disso, este estudo pode encaixar-se perfeitamente no sentimento e inacção da maioria, pois quer-me parecer que a água em que o clube está imerso já está quase em ponto de ebulição, e todos permanecemos e assistimos, impávidos, à morte lenta.

Assim:
 
Vários estudos biológicos demonstram que um sapo colocado num recipiente com a mesma água de sua lagoa fica estático durante todo o tempo em que aquecemos a água, mesmo que ela ferva. O sapo não reage ao gradual aumento de temperatura (mudanças de ambiente) e morre quando a água ferve.
Inchado e feliz.

Por outro lado, outro sapo que seja jogado nesse recipiente com a água já fervendo, salta imediatamente para fora. Meio chamuscado, porém vivo!
Às vezes, somos sapos fervidos. Não percebemos as mudanças.

Achamos que está tudo muito bom, ou que o que está mal vai passar – é só questão de tempo. Estamos prestes a morrer, mas ficamos boiando, estáveis e apáticos, na água que se aquece a cada minuto. Acabamos morrendo, inchadinhos e felizes, sem termos percebido as mudanças à nossa volta.
Sapos fervidos não percebem que além de serem eficientes (fazer certo as coisas), precisam ser eficazes (fazer as coisas certas). E para que isso aconteça, há a necessidade de um contínuo crescimento, com espaço para o diálogo, para a comunicação clara, para dividir e planejar, para uma relação adulta. O desafio ainda maior está na humildade em atuar respeitando o pensamento do próximo.
Há sapos fervidos que ainda acreditam que o fundamental é a obediência, e não a competência: manda quem pode, e obedece quem tem juízo. E nisso tudo, onde está a vida de verdade? É melhor sair meio chamuscado de uma situação, mas vivos e prontos para agir.





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