segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Uma questão de...liderança

O jogo de ontem, em Olhão, deu indicações positivas em vários parâmetros, e a crítica especializada considerou-o mesmo como o melhor desta época.
É uma apreciação correcta, mas que ilustra bem o que tem sido a época, porque a exibição esteve longe de deslumbrar.
No entanto, houve pormenores que saltaram à evidência.
Alguns, de ordem táctica, não são visíveis para todos.
Outros, de ordem técnica, estão disponíveis para muitos.
Um, de liderança, deve ter sido visionado por todos.

Refiro-me ao ralhete, à zanga, à irritação de Jesualdo, quando Capel tentou dar um toque de calcanhar, quando podia ter isolado um colega.

Gostei tanto de assistir a essa "jogada" de Jesualdo quanto algumas boas decisões dos jogadores...golos à parte.
É que, no último ano, temos tido diversas personalidades no comando da equipa, e nenhuma delas me pareceu a ideal para liderar um grupo de jogadores que têm demonstrado uma enorme  fragilidade emocional, a ponto de poder ser confundida com falta de qualidade.
(sim...eu sei que também há défice de qualidade, num ou noutro jogador).
Todos os treinadores necessitam de tempo para incutir e aprofundar as suas ideias, mas Jesualdo não precisou de muito para mostrar que não está ali por ter um bonito sorriso.
O projecto Godinho começou com Domingos que, apesar de um período desportivo que chegou a encantar, entrou numa espiral negativa que parecia não ter fim. O seu apelido é Paciência, e esse parecia ser o seu acomodado estilo, no banco de suplentes.
Sá Pinto foi, à imagem de Paulo Bento, a escolha natural dentro da hierarquia interna do clube.
Quis colocar o Sporting a jogar à Barcelona, com muita posse de bola, e a equipa chegou a entusiasmar, não fosse a escassez de golos.
Faltava, no entanto, Xavi, Iniesta, Busquets e Messi para melhorar o sistema.
Ficou-se à porta da final da UEFA...mas a prestação na final da Taça de Portugal perdida para a Académica foi má demais.
No entanto, Sá Pinto continuou a bater palminhas. O mau e o bom foram brindados com palminhas...mesmo que essas sejam mais da responsabilidade dos espectadores.
Depois de mais palminhas e de um começo de época frustrante, Sá deu lugar a Oceano...que manteve o estilo e bateu mais palminhas de incentivo aos jogadores, mesmo na eliminação da Taça de Portugal.
Esperámos e desesperámos pelo treinador, mas o projecto de Godinho Lopes tinha reservado um técnico que estava referenciado há muito.
Vercauteren, com um ar algo alucinado, identificou logo uma série de lacunas, a começar pelo aspecto físico, mas qualquer um conseguia vislumbrar que a equipa não podia com um gato pelo rabo.
Trabalhou-se, dizem, a parte física, mas o que é certo é que a equipa continuou uma manta de retalhos, e Franky também demonstrou um excelente perder.
Eu gosto mais quando alguém denota que fica furibundo com uma derrota...ou até com uma vitória que não preencheu os requisitos mínimos.
O belga seguiu o seu caminho, que estava marcado desde o dia que chegou.
Ele até deve ter comprado bilhete de ida e volta.
Entrou Jesualdo, que já lá estava dentro...e quer começar a virar páginas, e a fazer com que os jogadores esqueçam algumas delas.
Nós é que não as esqueceremos.
O projecto Godinho continua a bom ritmo.
Também é uma questão de liderança.
Ontem, Jesualdo e o Sporting estavam a ganhar mas ficou possesso quando Capel ofereceu uma bola ao adversário.
Sá Pinto e Oceano teriam batido palminhas, Domingos teria ficado impávido e Vercauteren teria ficado com os olhos esbugalhados.
Deve também ter tirado os seus apontamentos com o individualismo e inconsistência de Carrillo (que bem lhe faria uns jogos na equipa B).
Seja como for, e mesmo que seja demasiado cedo para tirar ilações e fazer juízos de valor, estou satisfeito que tenhamos, finalmente, alguém com carácter disciplinador e de liderança, lá...onde também se podem decidir jogos.


3 comentários:

  1. Claro que corro sempre o "risco" de emitir a minha opinião, dado que em todo o lado há os defensores e detractores de uns e outros.

    De qualquer modo, folgo em saber que, pelo menos uma pessoa, concorda com a minha apreciação.

    :)

    Obg pelo comentário

    SL

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  2. De nada. Eu é que agradeço a vossa militância. E não tenha dúvida que vai ter muito material para se escrever, porque estamos a caminho de passar pelo período mais turbulento e truculento da história do Sporting. Pior ainda que o período entre a fase final do mandato de João Rocha e a saída de Jorge Gonçalves. E quem se lembrar desses tempos (eu vagamente), sabe que foi uma fase muito bera...

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