terça-feira, 17 de setembro de 2013

Atiçar ou não atiçar, eis a questão

Ontem, ao final da noite, tive oportunidade de ver a entrevista de Bruno de Carvalho, quase na sua totalidade.
Não vou esmiuçar as suas palavras mas, de um modo geral, devo dizer que esteve ao seu nível e à imagem do que nos habituou.
Para uns, cada vez em menor quantidade, terá estado péssimo e irão esgravatar a entrevista à procura de uma vírgula no sítio errado ou de uma pausa mais prolongada, o que poderá significar uma mentira.
Para a maioria, terá sido a reafirmação de que temos presidente.
Já não era sem tempo.
A maior parte dos temas abordados foram tão esclarecedores quanto os comunicados entretanto emitidos.
Ficámos também a saber que pouco sabemos, relativamente a muitos dos dossiers que fazem parte do dia-a-dia do Sporting, mas também ficámos a saber que nada sabem aqueles que, quase diariamente, emitem opiniões acerca deles.

Foram muitos os temas em destaque e que poderia aqui analisar, desde Bruma e Ilori até à reestruturação financeira, passando por Evaldo e Bojinov.
No entanto, não deixei de achar curioso o facto de BdC ter chamado maçã podre a Schaars, sem fazer alusão a nenhuma fruta.
Pegando no caso do holandês, em virtude das suas palavras pouco simpáticas para com o presente e futuro do Sporting, acabou por explicar porque não pode o Sporting juntar na mesma cesta todo o tipo de personalidades.

Já menos consensual, penso eu, terá sido a sua opinião acerca da recepção que poderá ter no Dragão.

«Espero que o Sporting seja recebido no pior ambiente possível porque é nesses ambientes hostis que respondemos melhor e nos sentimos com mais força para podermos dar a melhor resposta dentro do campo, desde que corra tudo dentro da normalidade».

Não me parece apropriado atiçar uns adeptos,  uma equipa, um clube que parece que procuram algo que os motive ainda mais, que procuram e compram uma guerra a cada esquina.
Ao ouvir a descomplexada afirmação parece que temos uma equipa habituada a esses ambientes. 
Além disso, o "clima" não só costuma ser nefasto para quem os visita como para alguns agentes...que costumam melindrar-se com o que os rodeia.

Posto isto, prefiro destacar uma outra passagem que acho de grande coerência.
Aliás, já aqui estive para referir este ponto, mas por algum pudor não o mencionei.
Foi notícia o facto do Sporting ter feito o melhor arranque de campeonato do século, à custa dos 10 pontos conquistados.
Quando li isso, ao invés de ficar satisfeito, fiquei envergonhado.
Fiz de conta que não li algo que foi motivo de festa para alguns mas que a mim, particularmente, faz-me acordar de um pachorrento sono.
BdC referiu também com desdém a esta marca, que ao servir de referência só denota a fraca prestação da equipa leonina, nos últimos anos.

A marca que agora conseguimos (10 pontos nas 4 primeiras jornadas) igualou um "feito" que datava da época 1996/97.
Na maioria destes 17 longos campeonatos, houve quase sempre uma equipa a conquistar os 12 pontos em disputa, e nem sequer precisaram de andar a acenar com o pleno de vitórias.
Nestes 17 anos, o crónico Porto mas também o Benfica, Braga ou, até, Marítimo, conseguiram 12 pontos nas 4 primeiras jornadas, mesmo que essa pontuação nem sempre tenha sido suficiente para carimbar uma época vitoriosa.

No nosso caso, não bastava o número de pontos não ser concludente e ainda temos (tenho) que suportar a alusão a um recorde...digno de figurar no livro de uma equipa pequena.
Essa longínqua época teve o belga Robert Waseige no comando da equipa, mas foi Octávio Machado quem a terminou.
Curioso é que essa  foi a época de arranque do Roquetismo, que pareceu não ter fim.
Nesse ano o Sporting também arrancou com 10 pontos e ocupava igualmente o 2º lugar, entalado entre Benfica e Porto, com igual pontuação.
Como o final é que fica para a história, o Sporting acabou na 2ª posição, longe do campeão Porto.

Por falar em começos vitoriosos, recordo-me muitas vezes da época 1990/91, em que a nossa equipa, liderada por Marinho Peres, arrancou 11 vitórias consecutivas, interrompidas numa viagem a Chaves. Empatámos 2-2 mas até estivemos a vencer por 0-2 e bem perto do 0-3, ao atirarmos uma bola ao poste, ainda na 1ª parte.
Acabámos em 3º lugar, bem longe do campeão Porto (uma vez mais), num campeonato onde a vitória ainda só valia 2 pontos.

Se é bom como se começa, melhor é como se acaba, mesmo que digam que "candeia que vai à frente alumia duas vezes".
Espero que não precisem mais de ir rebuscar ao fundo da gaveta estatísticas que, a mim, só me entristecem.

9 comentários:

  1. Ainda não ouvi a entrevista, apenas tenho lido diversos pequenos pormenores da mesma...
    Acerca da alusão a sermos mal recebidos no Dragão, não me parece que seja um incitamento a uma "nova guerra"...
    Entendo como o desejo de chegarmos ao jogo, numa posição dom campeonato que possa não ser muito cómoda para o FCPorto...e nesse caso far-nos-ão uma guerra sem quartel, o que não aconteceria se lá fossemos "como uns coitadinhos" apenas para cumprir calendário...
    Creio que a ideia do Presidente terá sido essa...
    Apresentar-se a equipa nas Antas...como um forte candidato ao título...
    Creio que o jogo será à 8ª jornada e já são jogos suficientes, para se aquilatar do momento do Sporting e da possibilidade de sermos vistos com mais respeito...
    Daí que nos devamos preparar para uma "guerra" em sentido figurativo, que é o que nos esperará, assim o desejo eu...nesse jogo...
    E melhor seria...se viéssemos de lá com pontos...!!

    Sporting Sempre...!

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    1. Caro Maximino

      Não me parece que seja o incitamento a uma nova guerra, mas sim a uma velha guerra.
      A guerra que o Porto e Pinto da Costa (re)iniciaram, e que teve Adelino Caldeira como ponta de lança.
      Estou em crer que a afirmação que BdC fez, relativamente à documentação que tem em seu poder (relativamente ao caso Bruma) e que deixaria muitos de boca à banda, também terá o FcP como protagonista, mas é só uma suspeita.
      De qualquer modo, mesmo que a guerra esteja em banho-maria e possa ter mais batalhas agendadas, parece-me que a confiança demonstrada poderá não jogar a nosso favor, caso as armadilhas que nos podem colocar no caminho para o Dragão sejam activadas.

      Cá estaremos para ver os próximos episódios

      SL

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  2. Nessa frase do BdC (sobre a recepção no dragão) parece que alguns se esqueceram de uma parte: "DESDE QUE CORRA TUDO DENTRO DA NORMALIDADE"!!!

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    1. Exacto

      Convém estar atento não só às entrelinhas como ao que pode ocorrer...dentro das 4 linhas.
      Por isso, fiz também a minha referência:
      "...o "clima" não só costuma ser nefasto para quem os visita como para alguns agentes...que costumam melindrar-se com o que os rodeia."

      SL

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  3. Mind games meu caro,puros mind games.

    Quem viu e ouviu a entrevista com atenção sabe que não se tratou de forma alguma de um incentamento á violencia.Isso é o que a nossa comunicação social manipuladora fez dessas declrações,mas não se tratou de forma alguma isso.

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    1. Caro Jalex

      Eu não disse que foi um incitamento à violência.
      Digo sim que estar a atiçar o adversário, quando não temos ainda estofo para aguentar com a pressão, pode não ser uma boa estratégia.
      Aquela gente tem 30 anos de avanço em jogos psicológicos.
      A equipa adversária tem muito mais experiência que os nossos jovens.
      Além disso, jogando-se no Dragão, onde o Porto não perde há quase 80 jogos para o campeonato...desde Outubro de 2008...quase a fazer 5 anos, é um pouco arriscado fazer mind games.

      Acho pouco sensato entrar num jogo onde os outros são especialistas mas, acima de tudo, conforme referi...este é tão só o único tema que poderá não ser consensual.
      De resto, uma entrevista para ver, e rever.

      SL

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  4. A frase foi de uma inteligência estratégica notável,ainda para mais porque foi uma pergunta que lhe foi feita que certamente não estava á espera.Isso só valoriza mais o improviso de tal resposta.

    Não houve qualquer incitamento violência ou algo parecido.

    " Não me parece apropriado atiçar uns adeptos, uma equipa, um clube que parece que procuram algo que os motive ainda mais, que procuram e compram uma guerra a cada esquina."


    E a ver pela resposta(ou falta dela :) )por parte do Pinto da Costa parece que o objectivo esta a ser conseguido.

    O objectivo esse vou lhe deixar pensar um pouco mais sobre o assunto pois certamente vai fazer o "click" e chegar lá :)

    Foi uma cartada de génio como á muito não via num presidente do Sporting.



    ps : Se houve uma coisa que merece criticas foi na questão do Manuel Fernandes.O próprio sem perceber já confirmou os 20 mil euros que recebia(falou apenas do valor liquido,o que significa que o bruto anda nos tais 20 mil.O Sporting não tem culpa dos impostos como é óbvio)e o Presidente não tinha nada que voltar a remexer no assunto ate de uma forma deselegante como fez.

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  5. O Jalex tem alguma razão no que respeita ao nosso Manel...

    Mas também não podemos esquecer que o nosso Presidente, não está isento de aqui ou ali dizer uma ou outra coisa "fora do lugar"...

    Digam o que disserem, está a cimprir bem o seu papel de Presidente de todos os sportinguistas...mesmo daqueles que não o querem reconhecer...!!

    Força Presidente...pelo Sporting...!!

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    1. Ao contrário do tema Dragão, neste caso também concordo com o Jalex.
      No entanto, volto a dizer que, ao referir que " Não me parece apropriado atiçar uns adeptos, uma equipa, um clube ..." refiro-me, obviamente, a uma provocação que soi revelar-se nefasta, mas que se resume a jogos psicologicos onde temos muito a aprender.
      Como digo também na crónica, este tema não é consensual, pelo que não quero impor a minha teoria, nem critico quem pense de maneira diferente.

      Quanto ao "Manel", concordo em absoluto com o Jalex, como disse.

      Foi uma intervenção excessiva, e não a referi na crónica porque já achei demais "criticar" a frase de BdC relativamente ao Dragão.
      De qualquer modo, mesmo que estejamos os 3 de acordo, muitos haverá que concordam com os "excessos" do presidente neste tema, pois acharão que todos os meios são justificáveis para defender o bom nome e interesses do clube.
      Feito este esclarecimento, reitero que o realce deveria ir por inteiro para todos os dossiers tratados de forma exemplar por BdC.

      SL

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