quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Barba rija

Parece certo que o plantel do Sporting está fechado, pelo menos até Dezembro, mesmo que subsistam quatro casos por resolver (Evaldo, Jeffren, Bojinov e Labyad).
Uns acharão que é um mau acto de gestão não se ter conseguido colocação ou um desfecho que agradasse a todas as partes, outros terão a tentação de realçar o facto da direcção presidida por BdC ter, isso sim, resolvido 25 outros casos que poderiam provocar grandes dores de cabeça a jogadores, empresários, adeptos e clube.
Quando muitos esperavam que o último dia de mercado pudesse ainda levar algum jogador para longe de Alvalade, a verdade é que foram duas as surpresas de última hora, entretanto amplamente divulgadas.
As contratações de Piris e Vítor, sem quaisquer encargos, são vistas como reforços, mas só o tempo dirá se vieram acrescentar qualidade ou, simplesmente, fazer número.
Só mesmo o decorrer da época poderá tirar esta dúvida.
No entanto, a entrada de Vítor poderá vir a revelar-se importante, caso o jogador não sinta em demasia o tradicional peso excessivo das riscas da nossa camisola, como aconteceu a muitos jogadores vindos de clubes de menor dimensão.
Se é verdade que me preocupava, e cheguei a considerar mesmo um suicídio, o facto do Sporting poder fazer da sua formação a base para a presente época, também o é que os responsáveis (nomeadamente Inácio)  chegaram a salientar que uma equipa não pode lançar jovens sem o amparo de jogadores já experimentados.
Apesar da euforia perante o filão da Academia, o brilho desse ouro não pode cegar-nos a ponto de pensarmos que ali está a solução para todos os males.
Por isso, foi com naturalidade que fomos vendo chegar Maurício, Jefferson, Magrão ou Montero.
Apesar de ainda jovens, qualquer destes jogadores já passou a fase de formação, mesmo que ainda tenham muito por aprender.
Se olharmos para os nossos históricos rivais, que se espera também o venham a ser no campo, reparamos que pontuam jogadores como Helton (35 anos), Izmailov (30), Lucho (32), Luisão (32), Artur (32) Lima ou Cardozo (30).
O Braga, que nos destronou temporariamente do habitual lugar no pódio, fê-lo à custa de muita experiência, com jogadores como Alan, Quim, Hugo Viana ou Custódio, entre outros.
O Sporting 2013/14 terá um dos planteis mais jovens da Liga, e se de momento essa juventude tem sido um trunfo, fruto da irreverência e ambição que lhe estão associados, em certas alturas poderá ser um handicap.
O equilíbrio nesta vertente poderá resultar do equilíbrio entre vantagens e inconvenientes, dado que o campeonato é uma prova de regularidade.
Não me recordo de nenhuma equipa que tenha feito da sua juventude o segredo para o sucesso...salvo num campeonato de iniciados.

A qualidade não tem idade, é certo, e os exemplos disso podem ver-se todas as semanas, em campos por todo o Mundo.
Qpesar disso...quem me dera ter Pirlo (34) ou Xavi (33) a comandar o meio campo do Sporting.

Vítor, assim o espero, pode ser o fiel da balança que, de momento, está ainda demasiado inclinada para a juventude.
A propósito da contratação do ex-pacense, cheguei a ler, de um ou outro sportinguista, frases como : "...para que é que queremos um gajo com 29 anos".
Sim, porque ainda há alguns (poucos) que continuam a considerar (desde o arranque da II Liga do ano passado) que bastava pegar na equipa B e os resultados e o futuro estariam garantidos.

Não precisaria recordar que são muito boas algumas das lembranças com jogadores chegados no ocaso das suas carreiras...o que nem é o caso de Vítor.
Acosta (32) e André Cruz (31) são disso um exemplo, que por certo farão esquecer alguns outros que não deixaram saudades, mas prefiro guardar as boas recordações.
Tal como Paulinho Santos também se recordará, com carinho, do avançado argentino.
Espero que esta época possa também ser lembrada pelos sportinguistas com orgulho, seja pelo contributo dos jovens imberbes, seja pelo avô Vítor, homem de barba rija.




4 comentários:

  1. Dou-me conta que consigo contar os "casos" por resolver pelos dedos de uma mão. E sobra um dedo.
    Tendo em conta que há algum tempo atrás lhes perdia a conta, que a "revolução" foi feita com ganhos desportivos e financeiros imediatos, e com a salvaguarda de interesses futuros, sobram-me razões para acreditar no futuro e nas alegrias que "jovens imberbes" e "avozinhos" nos podem proporcionar.

    SL

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  2. Amigo RP

    Acredito que até o mais optimista não acreditaria que, em tão pouco tempo, não só a maioria dos sportinguistas reconquistaria o seu orgulho no clube, como veríamos tantos dossiers serem arquivados.
    Ainda é muito cedo para celebrações pois, como tenho tido oportunidade de referir, os resultados desportivos são o motor do clube. A euforia (refreada) de muitos pode converter-se, à mesma velocidade, em nova depressão colectiva, com reflexos no dia-a-dia do clube...por força das assistência em Alvalade, apoio ao clube, sócios..etc,etc.
    No entanto, a tal revolução pacífica deixa antever que ninguém anda distraído, e que quando a equipa não vencer terá a estabilidade necessária para inverter rapidamente o momento.

    Entretanto, vamos sonhando...com o que os imberbes e o(s) barbudo(s) podem fazer.

    SL

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  3. Confio na equipa e no trabalho do treinador, mas na verdade, se tivermos o azar de somar 2 ou 3 desaires seguidos, temo que os "assobios enterrados" qual machado de guerra voltem a soar estridentemente à mistura com todo o rol de invectivas...

    É muito bem vindo um jogador de qualidade (o que parece ser o caso...) e com a experiência que os seus 29 anos deixam adivinhar...

    Alguém terá dúvidas que com um jogador experiente pela frente (vulgo Rinaudo...), o Benfica nunca teria marcado aquele golo...?

    Que sejam felizes no grupo, porque se o forem...nós também o seremos...!!

    Sporting Sempre...!!

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  4. Augurei a Rinaudo, durante a pré-época da sua chegada, um grande futuro no Sporting.
    Era entusiasmante ver o jogador.
    Durante o tempo em que o seu joelho durou, considerei que o Sporting era Rinaudo e mais 10.
    Depois, a lesão...e o longo calvário.
    Nunca mais vi o mesmo Rinaudo.
    Agora, quando surge em campo, já não tem o seu raio de acção de área a área, e o seu futebol tornou-se irritantemente previsível e inconsequente.
    Faz faltas desnecessárias, erra demasiados passes, alguns deles que coloca a equipa em verdadeiro sobressalto, pela posição que ocupa. Anda sempre encavalitado aos adversários, ao invés de William Carvalho, que tenta sempre roubar as bolas de forma limpa.
    Apesar disso, não joga de forma maldosa, e as suas entradas vigorosas nunca lesionaram ninguém.
    Esta diferença justifica que, naquele lance, Markovic se tenha escapado.
    William tentou, como sempre, tirar a bola sem recorrer à falta.
    Falhou, como falhou Dier...e Rojo, que se tocasse no jogador seria penalti, e expulsão.
    Teria sido bom ter Rinaudo em campo...só nesse lance.
    Markovic teria ficado sem calções na primeira arrancada...e sem camisola, se tivesse insistido.
    Fez muita falta a experiência de um jogador deste calibre e, geralmente, são estes os lances que vão penalizando, de forma irremediável, a inexperiência de alguns.

    SL

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