domingo, 27 de outubro de 2013

Ah Valenteee!!

Dizem alguns, em tom jocoso,  que a RTP Memória serve para os adeptos dos clubes com menos propensão vencedora recordarem as vitórias do passado, que jazem em arquivos já poeirentos.
Pode aplicar-se esta máxima aos adeptos benfiquistas, apesar das Taças da Liga mais recentes os encherem de orgulho.
Pode aplicar-se esta máxima aos adeptos do Sporting, também eles com vontade de celebrar grandes feitos.


A RTP Memória tem o saudável hábito de transmitir um desses jogos empoeirados, quando os mesmos adversários se defrontam na presente semana.
É o caso do Porto - Sporting que hoje terá lugar, e o clássico da época 1993/94 que o referido canal televisivo decidiu ressuscitar .
Essa época desportiva ficou marcada por diversas incidências para os nossos lados.
Desde a eliminação europeia e despedimento de Bobby Robson, passando pela contratação de Queiroz até ao trágico acidente de Cherbakov.
No entanto, quase todos se recordarão e o campeonato ficará conhecido pelo dos 6-3 em Alvalade.
Outra tragédia.
Todos concordaram que esse foi o jogo que decidiu o título, pois num campeonato em que a vitória valia 2 pontos, o Benfica passou a dispor de 3 de vantagem, com 4 jornadas por disputar.
A maioria dos outros jogos passam para segundo plano.
Como o Porto - Sporting da jornada 27.
Por essa altura, o Sporting também partilhava o topo da classificação com a equipa encarnada, e a derrota nas Antas ainda deu vida aos portistas, enquanto o Sporting definhava na sua tentativa de quebrar um jejum que ainda se iria prolongar mais 6 anos.
Nessa época, o Sporting possuía um dos melhores plantéis que há memória, com nomes como Figo, Balakov, Peixe, Capucho, Valckx, Iordanov, Paulo Sousa, Cerbakov, Juskoviak, Cadete...ou ainda Filipe, Paulo Torres ou Nélson.
Tudo jogadores de fino recorte técnico.
Do outro lado da barricada, figuravam outros jogadores de fino recorte terrorista.
João Pinto, Secretário, Paulinho Santos, Fernando Couto, Jorge Costa, André, Rui Filipe, Aloísio, Zé Carlos...tudo jogadores que consideravam que a canela ia do tornozelo até ao pescoço.
No entanto, a culpa não era deles, mas sim de quem permitia que esta confusão anatómica não fosse punida.
Ao ver uns meros minutos deste triste jogo, a revolta apoderou-se de mim, mesmo passados 20 anos.
O Sporting foi melhor durante a maior parte do tempo, em plenas Antas, mesmo com o handicap de termos Queiroz no nosso banco, e de Robson estar no banco portista.
Depois de entradas assassinas dos jogadores portistas, o primeiro a ceder às provocações e complacência do árbitro foi Juskoviak, expulso aos 35 minutos da 1ª parte.
Carlos Valente, o bravo apitador, ainda pegou Jusko por um braço para o retirar mais rapidamente de campo, pois não havia tempo a perder.
Depois foi Vujacic mais cedo para o balneário e, por fim, Peixe, aos 62 minutos.
Com 8 jogadores em campo e a perder por 1-0, fruto de um erro de Valckx já na 2ª parte, ainda o Sporting se aproximava com perigo da baliza do protegido Baía.
O 2º golo, já nos últimos 5 minutos, só veio confirmar que o esforço era inglório.
Os adeptos do Porto não necessitam da RTP Memória para recordar os feitos dos últimos 30 anos.
Nem sequer para recordar em que princípios se basearam esses feitos.
Hoje será a vez do valente Artur Soares Dias ir julgar o clássico.
Naquele Estádio todos se tornam heróis.
Por algum motivo não perdem há mais de cinco anos, em jogos caseiros para o campeonato.
Por isso gostei tanto da arbitragem de Tagliavento, na última 3ª feira.

Ah Valente!!

A RTP Memória não serve só para recordar as vitórias e os grandes feitos.
O canal também serve para desempoeirar grandes atentados à verdade desportiva, e ajuda-nos a perceber como o futebol subterrâneo fabricou campeões durante décadas.

5 comentários:

  1. Só uns pormenores sobre esse jogo.... Juskowiak levou vermelho direto após ter pontapeado Fernando Couto...
    O 1º golo do FCP surge após um erro gravissimo de VAlckx, que perde a bola em zona proibida....
    Houve imensos amarelos para as duas equipas (o FCP levou 6 por exemplo)... Depois os reincidentes levaram 2º amarelo, apesar de também algum jogador portista poder ter sido expulso...
    No entanto, o post apenas lembra os aspectos que interessa, ocultando outros também relevantes para o jogo como os erros próprios da equipa verde e branca, uma estratégia bem ao jeito da eterna desculpa dos árbitros como causadores de tudo e mais alguma coisa...

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  2. Pelos vistos leu...leu...mas não entedeu.
    O que disse eu sobre a expulsão de Juskoviak?
    Não vou repetir, para obrigá-lo a ler tudo de novo, pode ser que consiga perceber.

    Acontece que a justa expulsão de Juskoviak devia ter sido antecedida por outras expulsões de jogadores portistas, autores de entradas muito mais violentas que a do polaco.
    Que significado podem ter 6 amarelos para uma armada de caceteiros provocadores, que devia ter acabado , essa sim, com 7 ou 8 jogadores.
    Claro está que esta crónica não é dedicada aos portistas que ficaram com uma grave miopia há largos anos.
    É para quem sofre com a miopia de quem é escolhido a dedo para ajuízar estes jogos.

    O curioso é que os adeptos portistas dividem-se em diversas facções.
    Há os meros míopes, que acham que todas as queixas visam fazer-nos de coitadinhos.
    Destes, uma larga maioria nem sequer consegue distinguir os crimes que ficaram gravados para a posteridade.
    Os lamentáveis erros processuais , de uma justiça que se quer cega, serviram para camuflar tudo o que a máquina preparou meticulosamente durante anos.
    Há também os que reconhecem mas estão bem a marimbar-se, porque o que conta, no final, é ganhar.
    Uma minoria, como um portista que me é bem próximo, reconhece tudo e tem vergonha de ganhar assim, mas o clubismo acaba por falar mais alto, mesmo que não o deixe orgulhoso.

    Agora, ao anónimo que comentou esta crónica, aconselhava vivamente rever as imagens do jogo, sem sectarismos, e talvez chegue às mesmas conclusões que adeptos independentes chegaram.
    Ou isso ou dizer que "algum jogador portista" (que pressupõe que seja no plural) que mereceu ser expulso, deixaria o Sporting a jogar contra 9 ou 10, ainda na primeira parte, e o jogo teria uma história completamente diferente.

    Pôde ver-se, no recente Porto-Zenit, que a história escreve-se por linhas direitas quando um árbitro não olha a ambientes, a camarotes presidenciais, a pressões nos túneis ou a cores de camisolas, quando tem que aplicar as leis do jogo.

    É pena que não aconteça mais vezes.

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  3. NSVC

    Só um esclarecimento adiconal:

    O Carlos da Luz Valente só esteve a trabalhar para os corruptos por conveniência. Ele esteve a trabalhar para o seu clube. O jogo dos 6-3 foi na jornada seguinte, e por via desse trabalhinho Juskoviac, Vujacic e Peixe não jogaram esse jogo. Este especialmente fez muita falta porque com ele em campo João Pinto não teria feito um décimo do que fez.

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  4. NSVC

    Só um esclarecimento adiconal:

    O Carlos da Luz Valente só esteve a trabalhar para os corruptos por conveniência. Ele esteve a trabalhar para o seu clube. O jogo dos 6-3 foi na jornada seguinte, e por via desse trabalhinho Juskoviac, Vujacic e Peixe não jogaram esse jogo. Este especialmente fez muita falta porque com ele em campo João Pinto não teria feito um décimo do que fez.

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    Respostas
    1. Amigo 8

      Hoje, durante o clássico, o Pai da Leoa teve oportunidade de recordar precisamente esse episódio e o que esteve por trás do trabalhinho efectuado, confirmando o que o caro amigo está a dizer. Contudo, é-me indiferente quem encomendou o serviço.
      Só sei que os meus olhos não me enganaram, ao contrário do anónimo que comentou anteriormente e que , ele sim, teve a sorte de ver um jogo diferente.
      Sei que, objectivamente, o Sporting saiu do Porto vergado a uma derrota injusta e, como costumo dizer, com a agravante da arbitragem ter condicionado os jogos seguintes, um dos quais que, por uma insuspeita coincidência, era com o benfica.

      Cumprimentos e SL

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