O jogo de
Guimarães já passou à história.
À triste
história de um jogo onde tudo correu mal.
Não sabemos
se o jogo irá deixar marcas, mas quem ficará com marcas para o resto da vida
serão dois adeptos esfaqueados à saída do estádio.
Também
ficarão com marcas muitos outros, de acordo com inúmeros relatos que pude ler,
que foram agredidos, pilhados, despojados dos seus bens e da sua dignidade,
simplesmente porque escolheram um mau dia para ir ver o seu grande amor.
Alguns
desses asseguram que não voltarão a um estádio.
Será mais
uma vitória dos delinquentes e de quem os protege.
O futebol há
muito que deixou de ser um espaço de saudável rivalidade, para dar lugar a um
desporto onde as pessoas têm de ser separadas por cores ou por ideologia, como
se de animais se tratassem.
Tudo porque,
infelizmente, cada vez há mais animais a misturar-se com o pacato cidadão.
Já muito se
escreveu sobre o caso mas, curiosamente, não me apercebi de qualquer reacção de
uma qualquer entidade responsável.
Pode ter-me
passado despercebida, é certo, mas pensei que seria razoável ler um comunicado da
PSP, da Liga, do Vitória ou de uma qualquer entidade governamental.
Claro está
que a crescente violência na sociedade, extensível ao desporto, ameaça tornar
estes episódios rotineiros, caso não ocorram vítimas mortais, como as já tristemente
conhecidas.
As
agressões, facadas ou rixas são notícia por um dia, e rapidamente arquivadas no
limiar do esquecimento.
É verdade que estes incidentes ocorreram fora do estádio, à semelhança de tantos outros
que fizeram vítimas mais ou menos inocentes.
O Vitória
não verá o seu nome mais uma vez manchado por um hooliganismo pulsante, e em
que os seus adeptos se quererão rever…para finalmente poderem estar à altura
dos maiores.
Já se os
incidentes ocorressem dentro do estádio as consequências poderiam ser
diferentes, mas teriam que ser preenchidos diversos requisitos para serem palpáveis.
Por exemplo,
o Sporting viu o seu estádio interditado por 9 jogos, no anos 70, por graves
incidentes envolvendo um árbitro (que, mais tarde, acompanharia o seu benfica
para todo o lado)…ou por 2 jogos, no início dos anos 90, num jogo no Bessa em
que a equipa de arbitragem conseguiu alegadamente ver o adepto que, no emaranhado de cabeças,
ostentando uma camisola de cor verde, atingiu o árbitro auxiliar com uma moeda.
Este
episódio em nada se assemelha ao que protagonizou um adepto vestido de diabo
que invadiu o relvado e apertou o gasganete ao fiscal de linha.
Mas também
os pavilhões começam a ser pequenas arenas onde os gladiadores impõem a sua
lei, com os espectadores a residir no recinto de jogo.
Os recentes
incidentes em Barcelos, ou mesmo em Braga, onde os adeptos do Sporting que iam
assistir ao jogo de futsal passaram um mau bocado, podem ajudar a vincar que, em
determinadas cidades ou pavilhões, o desporto é só para alguns.
A última esperança
em dias melhores parece residir na Associação Portuguesa de Adeptos do
Desporto, que se anuncia como “pretendendo orientar e defender todos os adeptos
de todos os desportos e clubes”, acrescentando que “ os adeptos têm de se unir
para conseguirem lutar pelos seus direitos.”
Bonitas
palavras e bonito lema.
Se
visitarmos a página do seu presidente, verificamos que o apelo ao desportivismo
é uma constante, e também foi publico que visitou o perfil do árbitro auxiliar
do recente Vitória-porto, onde lhe deixou uma mensagem subliminar.
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