terça-feira, 4 de novembro de 2014

Marcas

O jogo de Guimarães já passou à história.
À triste história de um jogo onde tudo correu mal.
Não sabemos se o jogo irá deixar marcas, mas quem ficará com marcas para o resto da vida serão dois adeptos esfaqueados à saída do estádio.
Também ficarão com marcas muitos outros, de acordo com inúmeros relatos que pude ler, que foram agredidos, pilhados, despojados dos seus bens e da sua dignidade, simplesmente porque escolheram um mau dia para ir ver o seu grande amor.
Alguns desses asseguram que não voltarão a um estádio.
Será mais uma vitória dos delinquentes e de quem os protege.

O futebol há muito que deixou de ser um espaço de saudável rivalidade, para dar lugar a um desporto onde as pessoas têm de ser separadas por cores ou por ideologia, como se de animais se tratassem.
Tudo porque, infelizmente, cada vez há mais animais a misturar-se com o pacato cidadão.
Já muito se escreveu sobre o caso mas, curiosamente, não me apercebi de qualquer reacção de uma qualquer entidade responsável.
Pode ter-me passado despercebida, é certo, mas pensei que seria razoável ler um comunicado da PSP, da Liga, do Vitória ou de uma qualquer entidade governamental.
Claro está que a crescente violência na sociedade, extensível ao desporto, ameaça tornar estes episódios rotineiros, caso não ocorram vítimas mortais, como as já tristemente conhecidas.
As agressões, facadas ou rixas são notícia por um dia, e rapidamente arquivadas no limiar do esquecimento.
É verdade que estes incidentes ocorreram fora do estádio, à semelhança de tantos outros que fizeram vítimas mais ou menos inocentes.
O Vitória não verá o seu nome mais uma vez manchado por um hooliganismo pulsante, e em que os seus adeptos se quererão rever…para finalmente poderem estar à altura dos maiores.

Já se os incidentes ocorressem dentro do estádio as consequências poderiam ser diferentes, mas teriam que ser preenchidos diversos requisitos para serem palpáveis.
Por exemplo, o Sporting viu o seu estádio interditado por 9 jogos, no anos 70, por graves incidentes envolvendo um árbitro (que, mais tarde, acompanharia o seu benfica para todo o lado)…ou por 2 jogos, no início dos anos 90, num jogo no Bessa em que a equipa de arbitragem conseguiu alegadamente ver o adepto que, no emaranhado de cabeças, ostentando uma camisola de cor verde, atingiu o árbitro auxiliar com uma moeda.
Este episódio em nada se assemelha ao que protagonizou um adepto vestido de diabo que invadiu o relvado e apertou o gasganete ao fiscal de linha.
Mas também os pavilhões começam a ser pequenas arenas onde os gladiadores impõem a sua lei, com os espectadores a residir no recinto de jogo.
Os recentes incidentes em Barcelos, ou mesmo em Braga, onde os adeptos do Sporting que iam assistir ao jogo de futsal passaram um mau bocado, podem ajudar a vincar que, em determinadas cidades ou pavilhões, o desporto é só para alguns.

A última esperança em dias melhores parece residir na Associação Portuguesa de Adeptos do Desporto, que se anuncia como “pretendendo orientar e defender todos os adeptos de todos os desportos e clubes”, acrescentando que “ os adeptos têm de se unir para conseguirem lutar pelos seus direitos.”
Bonitas palavras e bonito lema.
Se visitarmos a página do seu presidente, verificamos que o apelo ao desportivismo é uma constante, e também foi publico que visitou o perfil do árbitro auxiliar do recente Vitória-porto, onde lhe deixou uma mensagem subliminar. 






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