Têm dado muito que falar as declarações de José Eduardo relativamente
à "alegada" clivagem entre BdC e Marco Silva.
No polémico artigo de opinião, o ex-jogador leonino ocupa os primeiros
quatro parágrafos a enaltecer o seu sportinguismo e só depois se debruça sobre
a obscura agenda do treinador do Sporting.
No entanto, depois de ler cuidadosamente todo o texto, fico sem saber
se a crónica também obedeceu a alguma agenda ou se foi meramente o seu
sportinguismo a eclodir.
No sentido oposto, o não-sportinguista Abel (ex-treinador da equipa B)
salvaguardou-se no bom senso e na ética e optou por não atirar mais lenha para
esta enorme pira, quando instado a comentar o momento que se vive em Alvalade.
“O Sporting é uma casa que me
diz muito, onde tenho muitos amigos e não seria ético alongar-me neste
assunto".
Apesar de algumas das acusações de José Eduardo serem pouco
fundamentadas, baseando-se em “informações de diversas personalidades, umas
mais respeitáveis que outras…”, outras são mais concretas e objectivas.
Refere-se (e refiro-me) a algumas opções de gestão e utilização de
determinados jogadores do plantel, que José Eduardo considera estranhas e
lesivas para os interesses do Sporting.
Confesso que gosto de teorias conspirativas. Ainda há dias fui tentado
a lançar uma relativamente ao triângulo Washington-Hollywood-Pyongyang, e ao
lançamento do filme “A entrevista”, que considero ter obtido a melhor
publicidade possível, e será com toda a certeza um rotundo êxito de bilheteira.
Já a teoria de José Eduardo acho-a um pouco rebuscada.
Questionar a tardia utilização de Paulo Oliveira só faria sentido se
tal tivesse acontecido no final da época desportiva. Eu vi os jogos de
pré-época e P.O. deu péssimos indícios no estágio na Holanda. O jovem central entrou
para ajudar a segurar a magra vitória no jogo de estreia do campeonato, em
Agosto, mas a verdade é que, tal como o resto da equipa, não foi feliz. Depois só
voltaria a jogar na primeira derrota oficial da época, em Setembro, frente ao
Chelsea, e se o seu desempenho tem sido globalmente positivo, também faz parte
do sector ao qual é atribuída grande quota-parte nos inêxitos da equipa.
Quanto à recuperação de William Carvalho, penso que o enigma ainda está
por desvendar. Só o tempo irá dizer se o William que deixou todos de cara à
banda foi um bonito ciclo sem retorno. Quem não se recorda dos primeiros tempos
explosivos de Grimi, ou Insúa…que não tiveram sequência? Ou a veia goleadora de
Montero? Espero, no entanto, que o William que a todos encantou possa
reaparecer.
“E porque não jogou Esgaio em Espinho?...”, pergunta José Eduardo.
Penso que terá feito alguma confusão, e que a pergunta seria…”porque
não jogou no Bessa?”, esse sim o jogo que antecedeu Londres.
Eu posso tentar responder.
É que se Esgaio se lesionasse o Sporting não teria lateral direito de
raiz em Londres, e Marco Silva teria que responder a questões do género “porque
diabos jogou Esgaio em Espinho…ou no Bessa?”.
Depois prossegue para Adrien, e desconfia que a falta de descanso
tenha algum propósito sombrio.
No entanto, mesmo com o cansaço acumulado, Adrien já demonstrou publicamente
algum desconforto no momento de ser substituído, o que dá a entender que também
ele pretende continuar a dar o seu contributo à equipa. Além disso, atrevo-me a
responder com algumas perguntas.
“Tem Lopetegui alguma agenda escondida ao promover uma rotatividade
que roubou alguns pontos ao clube?”
“Teve JJ alguma agenda escondida ao perder todos os títulos em disputa
por não ter promovido a rotatividade do plantel na época 2012/13?”
Em todos os casos, parece-me que os treinadores em causa tentam obter
o melhor para o clube que defendem, sem que isso signifique que estejam certos.
Daí até desconfiar dos seus propósitos, parece-me ir uma grande distância.
Quanto à promoção de jovens da equipa B, também me parece fácil
arranjar explicação.
O pobre trajecto desportivo dessa equipa até há um mês atrás
desaconselhariam o mais optimista a socorrer-se de jovens que nem na II Liga
conseguiam exibições convincentes. O Sporting B esteve seis jogos sem vencer e
sem marcar qualquer golo. Enquanto isso, a equipa A só em dois jogos venceu com
alguma margem de conforto, não sem antes ter passado por dificuldades. A vitória
com o Setúbal por 3-0 ou a goleada ao Espinho só aconteceram na última meia
hora. De qualquer forma, nesse jogo da Taça de Portugal foi dada oportunidade a
Tanaka (também ele com alguma agenda esquisita) a Esgaio e a Podence. Se Marco
Silva tivesse mais que 3 substituições, acredito que pudesse ter dado menos
matéria para escrever.
Ainda assim, diria que nos jogos que pude ver Tobias tem cometido
erros em catadupa, e que Chaby jogou 8 minutos na equipa B nos últimos 3 meses.
Confesso que não conheço nem sequer a minha agenda, mas parece-me que
apostar nas principais figuras na Taça de Portugal ainda faz com que sonhemos
com uma presença no Jamor, e penso que essa fará parte do projecto do Sporting
para a época em curso.
Esse tem sido o melhor modo de defender os interesses do clube.
Não sei se segundas linhas teriam sido capazes de vencer o aguerrido
Vizela.
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